Como os professores desenvolvem as competências dos alunos?

O ensino por competências é um modelo que se opõe à educação tradicional de ensino por disciplinas e conecta diferentes áreas do saber.

2022-06-24 10:51:23 - Censupeg


O cenário que encontramos hoje na educação é muito diferente e mais complexo que antigamente, nos tempos de nossos avós. Antes, os pais tinham um desejo de que o filho se formasse sabendo ler, fazer contas e escrever. O ponto fundamental é que o básico da educação são conteúdos disciplinares, mas não são o fim da escola básica, pelo contrário, as matérias são meios para chegar no destino desejado. No entanto, hoje, a vida é mais complexa se olharmos para o cenário amplo de acesso à informação, por exemplo. A informação é um presente se sabemos usá-la da maneira correta, do contrário pode colocar a sua educação em um verdadeiro declínio. Encontramos então, a resposta para o título dessa conversa, sendo sem dúvidas, levar ao aluno, por meio  das disciplinas, o desenvolvimento e ampliações dessas ideias primarias como ler, escrever e contar histórias, ou melhor, ter a capacidade de se expressar. Vemos que expressão e compreensão são competências básicas para um indivíduo formado, ou seja, dificilmente encontramos uma pessoa competente que não se expresse bem e que não compreenda o mundo ao seu redor.  

O ensino por competências, tem um diferencial interessante, pois o estudante, tem a oportunidade de aprender de maneira flexível, acessível e no seu próprio ritmo.

Os estudantes, são preparados para o mercado uma vez que as competências aprendidas têm grande importância para os empregadores e aplicação direta no ambiente de trabalho.

Os docentes se tornam mentores, contribuindo significativamente para a tenacidade dos acadêmicos na demonstração bem-sucedida de sua aprendizagem.

Le Boterf (2002), afirma que a competência não está assegurada simplesmente pelo saber (conhecimento) ou saber fazer (habilidade), ressaltando inclusive que as pessoas podem até ter o conhecimento e também as capacidades, mas não conseguem, contudo, mobilizá-las (atitude) oportunamente e de forma adequada em um dado momento ou situação.

É eficaz que se saiba mobilizar e colocar em atividade o raciocínio, o conhecimento, à memória, às capacidades relacionais e os esquemas comportamentais, de maneira a acionar essas funções, “dando um comando ao nosso cérebro o saber mobilizar”, colocar a competência em prática.

Enquanto docentes, o importante é perceber a forma pela qual os acadêmicos aprendem, em geral, e de que maneira as competências emergem nas atividades propostas em sala de aula e também em atividades extraclasse. Certamente, a definição de competência extrapola o âmbito acadêmico, perpassa pelo mundo profissional, das relações interpessoais e, ainda, envolve a experiência de mundo.

Sales e Machado (2016), na sua pesquisa, descrevem cinco categorias ligadas à competência imprescindível ao exercício docente caracterizado pelos licenciados, em um estudo empregando a Teoria das Representações Sociais (TRS), na qual se destacam: (a) compromisso e amor pela profissão; (b) conhecimento e boa formação; (c) saber interagir com os alunos; (d) saber tratar os conteúdos; e (e) avaliar na perspectiva formativa. Essas categorias enfocam as condições dos saberes do exercício profissional, isto é, a situação em que o docente assume a direção do processo pedagógico promovendo uma perspectiva direcionada às práticas sociais, e não somente calcadas no conteúdo e nas disciplinas.

Desta forma, sem compromisso e amor, se torna inviável querer ensinar algumas competências importantes para o estudante, pois a tarefa do docente é revelar a sua intencionalidade educativa, criar um clima de amizade, respeito, referenciando Paulo Freire (1996) “Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo”.

Selecionei alguns importantes pontos de administrar e desenvolver as competências dos alunos, olha só: 

Conhecimento e boa formação, o docente para se colocar frente a uma sala de aula, precisa conhecer muito bem a sua disciplina, o conteúdo que ministrará, assim conseguirá mostrar sua eficácia e autoridade diante do conhecimento estudado.

Saber interagir com o aluno, o professor precisa aprender a construir um clima de curiosidade e aprendizado, tornando seu conteúdo motivador, instigante, fazendo o estudante perceber a importância de conhecer com profundidade o que está sendo proposto para atuar com qualidade no mercado de trabalho e na sua vida pessoal.

Saber tratar os conteúdos, o desafio do professor, é relacionar o conteúdo abordado com o que realmente faz sentido para o estudante, provocar o estudante a refletir sobre a importância de conhecer.

Avaliar na perspectiva formativa, a avaliação deve servir para melhorar o processo de aprendizagem, fazer com que o estudante se desenvolva, consiga superar suas limitações e alcançar o que é proposto, por isso a avaliação deve acontecer durante todo o processo de aprendizagem.

Para que o acadêmico consiga articular aprendizagem e desenvolvimento, Perrenoud (2002), reflete sobre a concepção de competência, repetindo que é uma condição de mobilizar (movimenta, coloca em ação), uma ampla gama de recursos cognitivos para lidar com diversas situações de vida, tanto pessoais como profissionais. 

No contexto acadêmico do ensino superior, Perrenoud (2000) descreve competências essenciais para um professor: domínio da matriz curricular do curso, neste sentido, é obrigatório que o professor entenda por que a matriz, o desenho curricular está posto daquela maneira, porque aquelas disciplinas foram as escolhidas para a formação do profissional.

Outro item mencionado pelo autor, é a sistematização de concepções, o professor precisa dominar, conhecer, as concepções para trabalhar de maneira correta e sistematizada para que o acadêmico consiga elaborar a construção do conhecimento.

Elaboração de questões conceituais e de conteúdos transversais interligados à disciplina e ao contexto atual, essa competência mencionada, faz refletir sobre a construção do pensamento, em que o estudante aprende a discernir o real, onde surgem os questionamentos, gerando dúvidas, possibilitando o conhecimento.

A proposição de situações-problema para que os discentes possam mobilizar suas competências para então, solucioná-las, esta é sem dúvida a mais provocativa, trazer situações que façam o estudante, pensar, raciocinar, trabalhar em equipe, a aprendizagem colaborativa, vai buscar respostas para o problema abordado.

É essa educação que precisa ser aguçada! É esse modelo que se precisa encontrar no mercado profissional, pessoas que são engajadas, participativas, que trabalhem em equipe, que busquem soluções para problemas reais e desenvolvam cada vez mais, as pessoas para um mundo melhor!

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Autora:
Prof. Lidiane Soares
Coordenadora do Núcleo de Ensino

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