A resposta é sim. Igual ao bullying, o racismo produz efeitos negativos no neurodesenvolvimento. Um infográfico produzido pelo Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard resume alguns achados de estudos que evidenciam o quanto o estresse produzido pelas diversas formas de racismo pode prejudicar o neurodesenvolvimento de crianças e adolescentes, resultando em impactos negativos na aprendizagem, na saúde e no comportamento. Pessoas vítimas de racismo sofrem tratamento desigual nos sistemas de saúde e educação, tendo um acesso precário a serviços essenciais, o que gera um abismo social e econômico em relação aos demais sujeitos que não são vítimas deste mal.
Segundo Silvio Almeida , em seu livro Racismo Estrutural: “O racismo é uma decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo ‘normal’ com que se constituem as relações políticas, econômicas e até familiares, não sendo uma patologia social nem um desarranjo estrutural”. Desse modo, todo racismo é estrutural. Assim, conforme os estudos em questão, as desigualdades resultantes do racismo também resultam em péssimas condições de vida, contribuindo para maiores problemas de saúde crônicos e vidas mais curtas.
Para a professora Diva Guimarães um dos maiores nomes na luta contra o racismo e defensora do letramento racial, o combate ao racismo deve começar em casa, na família, na educação que as crianças recebem de seus pais. Afinal, como afirma a professora: "Ninguém nasce racista. As pessoas aprendem a ser racistas – e começam a aprender em casa. Se a criança tiver educação em casa, vai se transformar em um indivíduo bom e nunca vai se perder." A escola deveria complementar esse movimento.
Dentre os diversos letramentos na escola, o racial deve ter a mesma ênfase que os demais, tendo em vista que ele supera a mera conscientização sobre o tema. Nas palavras da advogada Diane Pereira Souza: "Letramento racial é construção de referência para a vida. O que eu conheço como mundo, minha visão é construída a partir das referências que eu tenho quando decido entrar na educação. E nós, negros, raramente temos referências de boas práticas ou outras possibilidades que nos inspirem. Nos livros, nas novelas, nas músicas, o corpo negro é posto como nascido para ocupar determinado espaço subalterno."
Clique no link abaixo para ler o artigo completo e entender a urgência dessa questão!
https://developingchild.harvard.edu/resources/racism-and-ecd/
Autor:
Prof. Me. Vitor da Silva Loureiro
Professor da Pós-graduação em Neuropsicopedagogia Institucional da Faculdade CENSUPEG e membro do LIEENp