Censupeg há 3 anos
Tempo de leitura: #Neuropsicopedagogia

Exergames: uma nova ferramenta de aprendizagem

Prof. Dr. Fabrício Bruno Cardoso

A aprendizagem requer elaborações mentais complexas. Tarefas nas áreas de leitura, escrita e matemática apresentam exigências específicas, para as quais nem sempre todas as crianças de uma mesma faixa etária apresentam nível de maturação cognitiva e motora compatível sua idade.

Cerca de 40% à 47,5% das crianças das primeiras séries do ensino fundamental precisam de mais tempo e mais experiências para obterem um desempenho acadêmico sem prejuízos no desenvolvimento da leitura e da escrita.

Estima-se no Brasil que cerca de 50% dos escolares com problemas de aprendizagem apresentam dificuldades motoras, o que sugere que pode haver vulnerabilidade do trabalho neural da área responsável pela integração sensório-motora da informação, portanto torna-se necessário o desenvolvimento das habilidades motoras e dos aspectos referentes à sua aplicação nas tarefas escolares, pois possíveis atrasos nesta área podem influenciar a aprendizagem em geral de indivíduos.

 Estudos recentes têm enfatizado as relações e o impacto de um conjunto de habilidades denominadas Funções Executivas (FE) com o desenvolvimento motor na aprendizagem e no comportamento na infância e ao longo da vida do indivíduo, com repercussões nos contextos escolar, profissional e social. As funções executivas são compostas por três princípios básicos: (a) Controle Inibitório;(b) memória de operacional; e (c) flexibilidade cognitiva,

O bom desenvolvimento dessas funções executivas resulta em uma capacidade de resolução de problemas o que impacta diretamente em um bom desempenho acadêmico. Neste sentido diversos estudos vêm mostrando a importância da prática de exercícios físicos de maneira contextualizada para a melhora na capacidade de concentração e de processamento das informações de maneira mais organizada.

 O ponto preocupante disso é que, na maioria das vezes, os meios e os recursos utilizados para este fim vão à contra mão do que o aprendiz necessita de verdade para contemplar um aprendizado significativo. Nesse sentido é fundamental o desenvolvimento de ações que levem em consideração aspectos relacionados ao cérebro, funcionamento da mente e das teorias de Educação, e que sejam aplicáveis em sala de aula (coletivos), que ajudem o professor tanto na tarefa de rastreamento de escolares de risco, como, consequentemente, na intervenção precoce, independentemente de diagnóstico definitivo, em uma atitude conhecida como intervenção neuropsicopedagógica

Diante desse contexto uma prática que vem sendo bastante evidenciada são programas neuropsicopedagógicos motores compostos por exercícios que estimulem o desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais, ou seja, movimentos estabilizadores, movimentos locomotores e movimentos manipulativos através de atividades lúdicas, visando o desenvolvimento da coordenação visuomotora de escolares, conforme resultados obtidos em estudos do nosso laboratório. Crianças submetidas a esse programa obtiveram uma melhora em torno de 35% em habilidades preditoras para leitura.

Uma outra prática motora que vem mostrando resultados promissores em nossas pesquisas no LIEENP é a prática de exergames por 10 minutos no intervalo entre aulas, nossos resultados mostram que crianças que realizaram a prática através do jogo TETRIS, realizado com os pés através da interface MANKEY-MANKEY, em duas sessões semanais, apresentaram uma melhora em torno de 18% no seu desempenho acadêmico em língua portuguesa e em torno de 20% em matemática.

Acredita-se então que a pratica de programas motores com enfoque neuropsicopedagógico muito provavelmente proporciona em seus praticantes uma melhora nas suas dimensões temporais, o que se reflete diretamente no funcionamento executivo e consequentemente no desempenho acadêmico. Sendo assim pode-se afirmar que muito provavelmente as crianças que foram submetidas ao EXG apresentaram melhoras em suas variáveis bioperacionais o que impactou de forma positiva no desempenho acadêmico.

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