A palavra Pedagogia tem origem na Grécia, paidós (criança) e agodé (condução). Pedagogo significa condutor de crianças, aquela pessoa que ajuda a orientar o que se deseja ensinar. Nos primórdios, esse era um trabalho realizado por um serviçal, mais especificamente um escravo, que era encarregado pela formação intelectual e cultural. A pedagogia está ligada ao ato de levar o ser humano ao conhecimento.
“Paideia é um conceito global e envolve não somente aquilo que se entende hoje por educação, mas também tem traços de conceitos como civilização, tradição e cultura. A educação na Grécia Antiga buscava formar seres sábios e saudáveis nos múltiplos aspectos capazes de governar e de impactar a sociedade positivamente. Assim deveria ser hoje.... “(Marrou, 1973, p.25)
De modo genérico, pode-se dizer que a noção de pedagogo como mero “condutor de crianças” é inadequada, para os dias de hoje, pois sabemos que sua função vai muito além do que isso. Usando as palavras de Gadotti (1978, p.6), afirma-se que: “conduzir as crianças, hoje, é papel do motorista de ônibus escolar e não do professor, do pedagogo”. A sociedade atual cobra desse profissional outras funções, (tanto nas escolas, nas empresas, nos hospitais, nas editoras, e em outras instâncias sociais).
O desafio do pedagogo é manter-se atualizado sobre as novas tecnologias de ensino e desenvolver práticas pedagógicas para manter a curiosidade do educando para o aprender. Os pedagogos cada vez mais precisam buscar o aprimoramento de seus conhecimentos aumentando suas competências e entender como funciona a aprendizagem de seus educandos para que tenha sucesso no que está se propondo a ensinar.
A Pedagogia até hoje, possui a preocupação com os meios de ensino (métodos e técnicas), bem como estudou as teorias do desenvolvimento e da aprendizagem humana como forma de compreender e intervir nas formas de construção do conhecimento. Essas se dão por meio da estruturação didático-metodológicos relativos ao como ensinar, o que ensinar, quando ensinar e para quem ensinar, levando crianças e jovens ao conhecimento científico. Portanto, a Pedagogia consubstancia-se no polo teórico-prático da problemática educacional, ou seja, na práxis pedagógica da atividade educativa. (GADOTTI, 2001; VÁSQUEZ, 1977)
Desta forma é imprescindível que o Pedagogo aprofunde e atualize seus conhecimentos acerca da aprendizagem para propor novas formas de ensinar. As descobertas sobre o funcionamento cerebral podem contribuir nesses sentidos, porém são as Neurociências com seus estudos robustos sobre o sistema nervoso que podem contribuir de forma integral e efetiva. Vejamos que:
A palavra “neurociência” é jovem. A Society for Neuroscience, uma associação que congrega neurocientistas profissionais, foi fundada há pouco tempo, em 1970. "O estudo do encéfalo, entretanto, é tão antigo quanto a própria ciência. Historicamente, os neurocientistas que se devotaram à compreensão do sistema nervoso vieram de diferentes disciplinas científicas: medicina, biologia, psicologia, física, química e matemática. A revolução nas neurociências ocorreu quando esses cientistas perceberam que a melhor abordagem para a compreensão de como funciona o encéfalo vinha de um enfoque interdisciplinar, combinação de abordagens tradicionais visando produzir uma nova síntese, uma nova perspectiva. A maioria das pessoas envolvidas na investigação científica do sistema nervoso considera-se, hoje, neurocientistas.”(BEAR, M.F. Connors, B.W. Paradiso, M.A. 2017, p.4)
A contribuição das Neurociências na perspectiva da inovação pedagógica está no embasamento técnico-científico sobre como ser humano desenvolve aspectos da cognição como a linguagem, criatividade e raciocínio, por meio da atividade cerebral. Além disso, é essencial, que o professor considere a especificidade de cada aluno durante o processo de construção do conhecimento. Na perspectiva das neurociências, a aprendizagem é um processo de aquisição de informação que ocorre por meio da captação delas através dos sentidos, que por impulsos nervosos são levados à diferentes regiões cerebrais para decodificação, armazenamento, compreensão e possíveis produção de respostas a partir delas. Essas, por sua vez, são expressas por meio do comportamento observado.
Preparar os pedagogos para a realidade que irão enfrentar, é uma necessidade para acompanhar os avanços nos campos educacionais e de ensino e aprendizagem.
Entender como o encéfalo aprende, como assimila o aprendizado, é de fundamental importância para o professor saber estimular o aprendiz. Saber que os neurônios formam novas sinapses é de suma importância para preparar o ambiente desenvolvendo técnicas para estimular o aprendizado e para que este não seja esquecido.
Neurônios são chamados também de células nervosas, são células do sistema nervoso, que estão relacionadas com a propagação do impulso nervoso, sendo consideradas unidades básicas desse sistema. Nosso cérebro é feito de trilhões de neurônios, que fazem o processamento da aprendizagem.
A sinapse é uma região onde há comunicação entre os neurônios, entre neurônios e músculos e entre neurônicos e glândulas. Na grande maioria das sinapses, a transmissão de informação é possível graças à presença de neurotransmissores, que são mensageiros químicos.
A relação entre neurociências e aprendizagem é nova, pois ela surge no campo do sistema de informação e da engenharia. Considerando o aspecto educacional, é possível estabelecer relações entre o funcionamento do sistema nervoso em interface com a aprendizagem, observando os principais teóricos do desenvolvimento e da aprendizagem estudados na pedagogia. São eles: Jean Piaget (1896-1980), Lev Vygotsky (1896- 1934), Henri Wallon (1879-1962) e David Ausubel (1918-2008). Esta relação faz parte de uma nova ciência chamada Neuropsicopedagogia.
As neurociências aplicadas à educação contribuem no auxílio ao estudante durante seu processo de aprendizagem. O professor, que tem conhecimento sobre elas, pode inovar na utilização de recursos motivacionais, que tenha facilidade para o estudante e que seja ensinado de forma interativa para que o sujeito entenda e tenha interesse. Por isso, quando o professor aplica os conhecimentos sobre as neurociências na sala de aula, ele pode obter mais rendimento, um ambiente recheado de estímulos e de aprendizagem.
Outro ponto que temos de destacar é que temos algumas funções que ocorrem no encéfalo, exatamente no nosso córtex pré-frontal, as quais impactam diretamente na aprendizagem. Elas contribuem no processamento das informações advindas do sistema sensorial, auxiliando na decodificação, armazenamento e recrutamento dessas para a construção do conhecimento. Essas são chamadas de funções executivas, e Adele Diamond as divide em três conjuntos:
É de suma importância que o professor entenda como o aprendizado acontece para aplicar práticas pedagógicas em sala de aula, que desenvolvam o aprendizado do estudante. É fundamental conhecer as necessidades do estudante e como ele retém essas informações, qual forma de ensino funciona com ele. Uma estratégia essencial é conseguir prender a atenção do aluno por meio de inovações na forma de ensinar.
Aqui na Faculdade Censupeg, o curso de Pedagogia, trabalha na formação docente para dar conta de fornecer aporte teórico e prático para que os profissionais desenvolvam competências exigidas em um cenário educacional que acompanha os avanços tecnológicos e ressignifica os papéis dos atores envolvidos nesse processo.
Anteriormente, o professor era tido como o centro do saber e os estudantes, eram passivos e receptores. Na sociedade atual, o professor passa a ser um mediador do conhecimento que é construído por meio de ações contextualizadas com a realidade desses estudantes. Oferecer uma licenciatura baseada na formação de competências aos docentes é fundamental para corrigir algumas inadequações decorrentes da formação inicial e oportunizar uma base capaz de oferecer segurança frente às mudanças no âmbito social e educacional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Autora:
Profa. Lidiane Soares
Coordenadora do Núcleo de Ensino